
Brian Wilson, um dos maiores compositores do século 20, faleceu aos 82 anos. Embora fosse o cérebro criativo por trás dos Beach Boys, sua fama nunca esteve ligada ao estrelato tradicional. Ele era um artista introvertido, visionário e atormentado — que transformou suas dores em melodias imortais.
Seu legado vai muito além de músicas de praia. Brian revolucionou o pop com arranjos complexos, letras emocionais e ideias musicais muito à frente do seu tempo.
🧒 Infância tímida e o dom precoce
Brian nasceu em 1942, na Califórnia. Desde pequeno tinha uma sensibilidade fora do comum. Com menos de 10 anos, já conseguia identificar e recriar harmonias só de ouvido. Mas também sofria: o pai era abusivo e o ambiente em casa era instável.
Ele cresceu em meio à tensão, mas encontrou na música sua válvula de escape. Aprendeu piano sozinho e se inspirava em Rachmaninoff, George Gershwin e os Four Freshmen.
🌊 O nascimento dos Beach Boys — e muito mais que surf
No início dos anos 60, formou os Beach Boys com seus irmãos e um primo. A proposta era cantar sobre garotas, sol, carros e praia — e funcionou. Hits como “Surfin’ USA” e “California Girls” explodiram.
Mas Brian queria ir além. Enquanto o público via uma banda divertida, ele já pensava em produzir obras grandiosas, quase orquestrais. Assim nasceu o lendário álbum Pet Sounds, de 1966 — considerado por muitos críticos como um dos melhores álbuns de todos os tempos.
🧠 A mente genial e a luta interna
Brian lutava contra esquizofrenia paranoide e transtorno bipolar. Por anos, ouvia vozes e sofria com crises intensas. Chegou a se isolar por longos períodos, deitado por dias em uma cama de areia que havia mandado instalar no quarto.
Durante esse tempo, compôs músicas como “God Only Knows” e “Wouldn’t It Be Nice” — canções doces e emocionantes que escondiam uma alma inquieta.
Curiosidade: ele compôs e produziu quase todo Pet Sounds sozinho, enquanto os outros integrantes estavam em turnê.
🎼 O disco que nunca foi… e virou lenda
Após o sucesso de Pet Sounds, Brian começou a trabalhar em Smile, um álbum experimental, psicodélico e extremamente ambicioso. Mas, devido à pressão, às drogas e aos problemas mentais, ele abandonou o projeto — que só seria finalizado 44 anos depois, em 2011.
O Smile original virou uma das maiores “lendas perdidas” da música.
🛌 Reclusão, manipulação e renascimento
Nos anos 70 e 80, Brian passou por um período sombrio. Ficou recluso, ganhou peso, teve problemas com drogas e caiu sob a influência de um terapeuta controlador, Eugene Landy, que o isolava da família.
Só após anos de luta judicial, ele foi libertado desse ciclo e voltou a produzir — mais velho, mais frágil, mas ainda brilhante. Lançou álbuns solo e voltou a tocar com os Beach Boys em momentos pontuais.
🧠 Curiosidades sobre Brian Wilson:
- Era completamente surdo do ouvido direito
- Odiava voar de avião — fazia turnês de ônibus
- Era obcecado por comida mexicana e Coca-Cola diet
- Tocava baixo de cabeça para baixo (invertido)
- Era fã declarado dos Beatles e chorou ao ouvir Sgt. Pepper’s
🏆 O reconhecimento tardio — e justo
Apesar das décadas de sofrimento, Brian foi aplaudido em pé por plateias do mundo todo. Recebeu o Grammy pelo conjunto da obra e entrou para o Rock and Roll Hall of Fame.
Paul McCartney, dos Beatles, disse uma vez:
“God Only Knows é a melhor música já escrita.”
🕊️ A despedida de um mestre que compunha com o coração
Brian Wilson partiu, mas sua música continua embalando histórias de amor, trilhas de filmes, lembranças de verão — e silêncios que só ele conseguia transformar em arte.
Suas canções não eram apenas sobre praia. Eram sobre saudade, esperança, inocência, e o poder de sobreviver por meio da beleza.